Algum tempo depois…
Faz um tempinho desde o último post! Por onde eu andava? O que estava fazendo?
Bom… desde o último post tudo que tenho feito é me adaptar. Adaptar com a língua, adaptar com os horários, adaptar com a cultura, adaptar com o dinheiro, adaptar com as atividades da Igreja, com os estudos no seminário, com a rotina, com o ritmo de Santiago (e em especial do meu bairro), com o metrô, com o clima, com a comida, com as pessoas, com os horários, com as páginas do dicionário, com as contas, com os dias de lavar roupar, com os dias de limpar o “apê”… Sim! Agora eu tenho um apartamento! A galera aqui foi rápida e me ajudaram a equipá-lo super rápido. Aos poucos, ele tem ficado com minha cara!
Acho que tô vivendo aquela fase, tão falada pelos missionário… aquela fase chamada de “choque cultural”.
A euforia de estar fora cumprindo o plano de Deus e ganhando o mundo começa a diminuir e você se dá conta que está em um país que nem é tão longe do seu, com uma língua que nem é tão distinta da sua, mas… que é totalmente (e quando digo totalmente é totalmente) diferente da sua. Os costumes são outros, a cultura, a visão de mundo… tudo é diferente.
Por exemplo: Aqui no Chile o horário de almoço é a partir das 14hrs, as 14:30 as pessoas começam a sair nas ruas pra comer algo (falo isso porque vivo numa região central e a maioria das pessoas almoça em restaurantes, lanchonetes e afins). As 15:00 estão com o almoço na sua frente. O dia aqui, começa depois das 10, as primeiras lojas a abrirem as portas, o fazem essa hora. Esse ritmo é pelo rigoroso inverno, que começa a dar as caras. Confesso que pra mim tem sido um pouco difícil me adaptar a esse ritmo e esses horários. Ao meio dia já to com MUITA fome, imaginem as 15:00! Estamos acostumados a começar o dia muito cedo no Brasil, as 8:00 a maioria das pessoas já está trabalhando… aqui fico um pouco perdida. Acordo cedo, e as 9:00 estou mais do que pronta pra sair e começar a resolver as coisas de rua, mas tá tudo fechado! Isso causa a um brasileiro uma sensação de estranhesa. Mas, como me disseram, “no irnverno, Kami, você vai agradecer o dia começar mais tarde”! O choque nessa questão é uma sensação de perder o dia! Parece que você começou tudo muito tarde e o dia te escapa. É mais ou menos essa a sensação que tenho… As vezes, gera uma certa ansiedade. Tenho orado pra que o Senhor me ajude a adaptar-me com os horários e com sabedoria me ensine a admistrar meu tempo sem ansiedade e com temor.
A comida (que geralmente é o que mais perguntam) tem sido mais fácil. Tenho descoberto delícias da culinária chilena, como abacate com bife e tomate, cachorro quente com abacate, pão com abacate e sal. Tenho descoberto, que nós brasileiros, desfrutamos só a metade do que o abacate pode ser e aqui fica a dice: experimentem abacate amassadinho, com sal e limão ou azeite de oliva, com tomate e bife! É delicioso! Também tem um doce típico que se chama “Cuchufli”. É maravilhoso! Claro que sinto falta de algumas coisas (algumas que nunca imaginei que sentiria falta) como manga, banana e mamão. Aqui tem, mas é diferente e no caso da manga carissímo. Pipoca salgada também faz falta que por aqui não é muito popular. Aqui nos cinemas, por exemplo, só se vende pipoca doce, daquelas caramelizadas, feitas com açúcar! E se falta a pipoca é claro que falta o Guaraná! E que falta faz o Guaraná! Por outro lado tenho experimentado provisão de Deus em uma bondade inigualável, por vezes eu diria que até me mimando um pouco. Um de minhas amigas chilenas, que frequenta UNO com seu esposo e sua família e fazem parte da equipe de liderança tem feito feijão, bem brasileiro, e carinhosamente me mandado em potinhos pra serem congelados e comidos a medida da semana. Outro dia também me presentearam com uma manga e uma doce frase: “Um pouquinho do gostinho de Brasil pra você!”
Em outra ocasião, há um mes atrás, visivelmente o Senhor me fez “topar”(literalmente) com uma brasileira no supermercado e um pedido de desculpa em bom e claro portugues me fez virar em um sorriso e braços abertos falando: “brasileira!”. Pra resumir, ela está morando aqui em Santiago desde março, com seu esposo que veio a trabalho e seus dois filhinhos, e quer saber? Estavam procurando uma Igreja. Hoje, são mais uma família de UNO e mais um pouquinho do Brasil que Deus gentilmente trouxe pra mim aqui no Chile! A casa deles, que fica a três quadras do meu apartamento tem sido um refúgio especial. Lá já fizemos coxinha (aqui não tem nada nem parecido), comemos pipoca salgada sempre, tem churrasco com pagode e até uma feijoada já saiu! Nesse “refúgio verde e amerelo” descobrimos que brasileiros fora do Brasil, são extremamente patriotas e até cantam o hino nacional, buscado no YouTube! Assistem vídeos da Xuxa e sentem saudade da Globo! (Por incrível que pareça)
Outra dificuldade, e sem dúvida a maior de todas, é a solidão. Ficar longe de casa, dos pais, dos amigos nunca me foi tão difícil, tão duro e tão dolorido. O Senhor tem sido muito presente, a Igreja Uno fundamental, os amigos e irmãos Chilenos amoros, acolhedores, amáveis, buscando em todo tempo que eu me sinta confortável e segura, mas há momentos que a saudade é tão grande que nada supre. Nem outro brasileiro. E só o Senhor tem sido refúgio. Lhes peço que orem de maneira especial e particular por isso.
Toda essa adaptação somada a saudade geram um desgaste emocional gigantesco e por isso, lhes peço: orem por isso!
Os trabalhos en UNO tem avançado e temos crescido. Aprendendo, entendo, mudando e seguindo em direção ao que nos foi proposto. Mais adiante vou escrever um post falando apenas do trabalho que tenho realizado em UNO e como temos caminhado como Igreja, certo?
No seminário, os módulos também avançam e graças ao bom Deus não tenho tido dificuldades para entender as aulas, nem na leitura dos materias e livros. As vezes um pouco de dificuldade pra escrever. Claro, que levo muito mais tempo para fazer um trabalho ou ler um livro. Tenho que ter sempre muita atenção… mas, aos poucos o espanhol tem se tornado mais familiar e tudo ficado ainda mais fácil. Os estudos tem sido num ritmo bem puxado e exigido muito do meu tempo e dedicação. Tenho aprendido muito e crescido em maturidade.
Esse tempo aqui no Chile, também tem sido um tempo de muita cura pessoal pra mim. A cada dia posso ver Deus colocando e tirando coisas do meu coração, me corrigindo e me mudando, me ensinando, me lapidando, me redimindo, me fazendo nova.
Peço que orem por mim! Orem por esse tempo de aculturação e todos esses choque culturais que são normais quando se está em outro país.
Orem pela minha saúde física, pois o frio está começando.
Orem pra que o Senhor continue provendo financeiramente: aqui os gastos são muitos! Aluguel, luz, água, gás, condomínio, transpote, seminário (consegui 50% de bolsa!!!), comida (alimentação aqui é muito muito muito cara), gastos extras e agora com o inverno chegando é certo que vou precisar de roupas e sapatos mais quentes. Orem pra que nosso Deus venha prover o dinheiro suficiente para a compra de roupas e de um aquecedor que me deixe quentinha! Orem pra que eu tenha sabedoria ao administrar o dinheiro que recebo para me manter, e pra que me acostume com o peso chileno.
Orem pelos tramites do meu visto que está demorando um pouco.
Orem pelo trabalho que tenho realizado aqui. Orem pela Igreja UNO e pelo meu servir em e à ela.
Orem pelos meus estudos no seminário.
Orem pela saudade que sinto. Orem pelos meus pais e amigos. Orem pra que o consolo de Deus seja real em nós e que Ele venha nos suprir. A palavra de Deus nos ensina que aquele que deixa casa, pai, mãe, amigos e irmãos por Ele receberá 100 vezes mais ainda nessa vida. Creio que aqueles que deixam alguém ir por Ele também o recebem. Que o Senhor acrescente filhos a meus pais, amigos a meus amigos! Ele tem feito por mim…
Hoje, fico por aqui! Desculpem qualquer erro gramatical… o choque cultural também produz isso! As vezes, não lembro muito bem como se escreve algo em português, não lembro onde vão os acentos ou simplesmente misturo o português com o espanhol.
Orem por mim. Se necessitarem de algum vídeo, foto, carta para apresentarem as suas igrejas para que orem por mim e por esse tempo em solo chileno entrem em contato comigo. Orem por mim em suas igrejas. Orem nos seus grupos pequenos. Orem com seus amigos!
Escrevam-me! Vocês não podem imaginar como é encorajador cada email que chega! Como é animador!
Um forte abraço, cheio de saudades!
Kami
Duas semanas, uma verdade e um coração
Duas semanas, 14 dias, muitas horas, incontáveis minutos…
A certeza de se estar no lugar certo, na hora certa!
Nessas duas semanas por várias vezes pude provar da graça, do cuidado e principalmente daqueles momentos que tudo que podemos pensar ou dizer é: Deus, isso é real?
Em coisas pequenas, corriqueiras, cotidianas, já posso ver nosso Deus responder orações, também pequenas, corriqueiras, cotidianas que tenho feito.
No Brasil o ano começa depois do Carnaval! Em Santiago, dia primeiro de março. Aos poucos tenho sentido o ritmo do lugar.
Tenho vivido numa região central em Santiago. Um bairro com muitos cafés, restaurantes, lojas de roupas numa linha mais alternativa, turistas, pessoas saindo do mercado com suas sacolas retornáveis, arte por todo lado, música sempre tocando em algum lugar. Aos poucos tenho me acostumado com o clima seco e fresco! Com os horários bem diferentes dos horários brasileiros. E em meio a todas essas novidades intensas e tranquilas aos mesmo tempo, a certeza de que esse é o lugar certo e a hora certa!
A cada dia tenho O reconhecido pelo caminho. Assim, como naquele caminho em Emaús, há mais de dois mil anos atrás. Tenho descoberto que “o coração nada entende tanto como a verdade.”
E conforme tenho contemplado a verdade de Deus em cada novo passo que tenho dado nesse novo tempo, nesse novo lugar, meu coração pode queimar, e reconhecer o Mestre.
Talvez esse tempo que vivo hoje, seja uma espécie de caminho de Emaús. Onde uma ressurreição é verdade, uma presença é verdade, a Palavra é verdade, minhas emoções são verdade, meu chamado é verdade, uma igreja chamada UNO é verdade, amigos novos são verdade, a saudade é verdade… e um coração queimando enquanto Ele fala, suspeitando reconhecê-Lo e ousando a isso é verdade!
Continuem orando por mim. Por esse tempo de adaptação, por esse tempo de reconhecê-Lo pelo caminho. Orem para que a cada dia meu corpo se adapte a esse novo lugar e ritmo. Para que minha mente trabalhe e eu aprenda. Para que Deus prepare a cada dia provisão em todos os sentidos. Orem pelas minhas aulas no seminário que começam dia 07 de março. Pelas atividades de UNO que começaram também nesse mês. Pelas pessoas que ouvirão e já tem ouvido sobre Ele e tem com a graça de Deus se achegado e mostrado interesse em estar conosco em UNO!
Eu oro daqui para que vocês também estejam com Ele, caminhando pelo caminho, ouvindo suas verdade, sentindo o coração queimar e reconhecendo-O!
Um forte abraço,
Primeira semana no Chile!
Hola!
Ontem fez uma semana que cheguei aqui em Santiago!
Esses primeiro dias tem sido de pura adaptação. Por equanto estou vivendo na casa do Pastor Jonathan, con sua esposa Pri e seus dois filhinhos!
No dia que cheguei tive uma “Bienvenida”! Todo o pessoal da Equipe de UNO foi me conhecer e tivemos um tempo muito bom!
Sem dúvida, uma das maiores características do povo chileno é a capacidade que eles tem de nos deixar a vontade!
São ótimos anfitriões!
O bairro que estou, bairro também onde fica o seminário e a UNO, se chama Bellas Artes e se parece muito com nosso “Largo da Ordem” (informação curitibana). É parte histórica de Santiago, tem muitos cafés, museos, e o lugar respira cultura… malabaristas por todo lado, música por todo o dia, novos estilistas que expões usas criações pelas ruas, sebos… um pessoal bem alternativo. Eu, particularmente estou amando!
Também já fiz minha matrícula no seminário e játenho começado a ler meu primeiro material para a aula que começa dia 07 de março.
Os cultos em UNO são ótimos e aos poucos já tenho entendido qual será meu papel de serviço dentro da estrutuva e visão da igreja.
E para essa primeira semana novos pedidos de oração. Peço que orem e levantem outras pessoas para orarem por mim!
Vamos aos pedidos?
* Orem pela minha saúde. Como disse, esses primeiros dias, e creio que esse primeiro mês, tem sido de adaptação inclusive para meu corpo. O clima aqui é bem seco e tem um vento gelado.A Altitude é diferente da de Curitiba… Algumas vezes tenho me sentido um pouco enjoada, outras um pouco sonolenta, e algumas vezes tive umas dores perto dos rins.
*Orem pra que Deus nos dirija na busca de uma lugar bom e barato para eu viver!
*Orem pelos tramites do meu visto de estudante. Estou esperando sair o resultado da tentativa de bolsa no seminário, isso torna o processo de visto estudantil bem mais simples aqui.
*Orem por provisão financeira.
*Orem pela minha saúde emocional. Há momentos que a saudade de casa, e principalmente dos meus pais aperta!
Repito: sempre que quiserem em escrever o façam. É muito importante receber emails de pessoas que amo!
Para essa primeira semana é isso, e sempre que der atualizo aqui!
Um forte abraço, n’Ele…
De malas prontas!
As malas estão prontas e dia 16, as 06:20 da manhã, estou embarcando rumo a Santiago, Chile, para começar meu tempo servindo na Igreja Uno e estudando no Seminário.
E para esse ponta pé inicial quero deixar aqui uma listinha de pedidos de oração. Orem por mim, compartilhem em seus grupos familiares, células, grupos pequenos, no GEBJ (galera da Presbi Curitiba!), na sua rodinha de amigos… enfim, peço de todo coração que orem…
*… por esse novo tempo na minha vida;
*… pela viagem! Que seja tranquila, segura…
*…para que Deus esteja preparando um bom lugar para que morar em Santiago. Nas primeiras semanas, vou ficar hospedada na casa do Pastor Jonathan (pastor da UNO) e sua família. Juntos vamos visitar vários lugares (pensionatos, pousadas, quartos para moças, apartamentos), até encontrarmos um bom lugar para que eu me instale. Orem para que Deus nos leve a lugares certos, com preços acessíveis e coloque em nossa procura pessoas que sejam usadas por Deus para nos abençoar!
*… pela minha adaptação com o novo país, com o espanhol, com o dia a dia chileno!
*… pela minha saúde física, emocional e espiritual.
*…para que Deus levante pessoas para me sustentarem em oração e também em ajuda financeira.
*…pelos meus pais, que estarão em Curitiba seguindo com seus trabalhos e com amor me abençoando em várias áreas.
*… para que Deus guarde minha mente e coração!
*… por tudo aquilo que nosso Deus trouxer ao seu coração!
*… pela Iglesia UNO! Pelo Pastor Jonathan, sua esposa Priscilla e seu casal de filhinhos. Por toda equipe envolvida nesse trabalho de implantação da UNO em Santiago.
Se alguém quiser compartilhar algo comigo, alguma palavra, sentimento, impressão que teve enquanto orava por mim, por favor não o deixe da fazer. Escreva para kamimargarida@gmail.com
Aliás, escrevam sempre. Isso é de extrema importância pra mim!
Conto com vocês!
“Sempre que penso em vocês, eu agradeço ao meu Deus. E todas as vezes que oro em favor de vocês, oro com alegria por causa da maneira como vocês me ajudaram no trabalho de anunciar o Evangelho…” Filipenses 1:3 a 5
Nele, por Ele e pela causa,
Kami
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O Triplo desafio do evangelismo na pós-modernidade
"Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.
Ninguém vem ao Pai senão por mim." (Jesus Cristo - em João 14:6)
O ambiente social no qual vivemos é influenciado por três conceitos errôneos, que caracterizam a chamada pós-modernidade. Na realidade, tais conceitos perfazem o tripé sobre o qual nossa sociedade pós-moderna se baseia. São eles chamados de relativismo, pluralismo e humanismo.
Cada um destes “ismos” está presente no seu cotidiano, mesmo que você não se dê conta disso. Está presente nos relacionamentos, nas artes, no sistema de ensino, nas propagandas, nos jogos, nas músicas, nos filmes, na moda e em cada programa de televisão que assistimos. Estamos de tal forma cercados por tais conceitos, que já nos acostumamos com eles.
A maior prova de nossa desatenção é a influência que o relativismo, pluralismo e humanismo têm exercido na religião cristã. Estes conceitos errôneos da pós-modernidade não apenas afetaram o modo de se fazer culto, mas também distorceram as nossas bases teológicas, principalmente no ramo da cristologia e da soteriologia.
Estou certo de que enfrentar estes conceitos, que são contrários à fé cristã, representa nosso maior e mais urgente desafio. Precisamos analisar o quanto os conceitos da pós-modernidade têm afetado nosso ensino bíblico, nossa pregação do evangelho e, principalmente, nossa forma de se fazer evangelismo.
Não podemos negar que vivemos nesta época, chamada de pós-modernidade, mas é nosso dever, como discípulos de Cristo, rejeitar com veemência os conceitos equivocados que caracterizam o presente século e que estão contaminando a igreja do Senhor.
Relativismo
O relativismo consiste na certeza absoluta de que não existem certezas absolutas. Desta forma, todo ponto de vista seria válido, pois se altera de acordo com a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos.
Apesar de ter se consolidado nas últimas décadas, o relativismo já era prenunciado desde o século 19, como nos versos do poeta espanhol Ramón de Campoamor:
E neste mundo traidor
nada é verdade nem mentira;
tudo depende da cor
do cristal com que se mira.
Este conceito de incertezas, no qual tudo depende do ponto de vista de cada um, ganhou ainda mais força no século 20, apoiado na teoria da relatividade, de Albert Einstein. A partir de 1919, com a confirmação de sua teoria, começou a circular a crença de que não havia mais absolutos: tempo e espaço, bem e mal, conhecimentos e valores – agora tudo era relativo.
Ora, se tudo é relativo, nossas crenças religiosas também devem ser relativas. Segundo este conceito, aquilo que não pode ser comprovado não pode ser ensinado. No relativismo, histórias bíblicas, tais como a criação, o dilúvio e a Torre de Babel, não podem ser mais interpretadas como história verídica, mas somente como ilustrações de cunho moral. Verdades eternas, tais como o céu e o inferno, não devem sequer ser mencionadas, pois não há espaço para tais crenças numa cultura relativista.
O resultado inevitável do relativismo é a idéia de que Jesus não seria “o” caminho, mas apenas “um” caminho, entre tantos outros. E muitos que se dizem cristãos já pensam exatamente assim.
Note como atualmente os crentes ensinam, pregam e evangelizam evitando enfatizar a Jesus como único caminho de salvação. O relativismo desta sociedade pós-moderna os intimida. Eles têm medo de parecerem ridículos ao falar do céu ou do inferno, e de serem tidos como intolerantes ao rejeitar outras crenças religiosas.
Nosso primeiro desafio é um retorno à ousada pregação de que Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens. (1Tm 2:5) Precisamos proclamar claramente que “em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4:12) O mundo necessita desta mensagem! Faz-se urgente que voltemos a pregar que só Jesus é a porta da salvação, que só ele é o caminho da vida eterna! (João 10:9; 14:6)
Pluralismo
O pluralismo é o conceito que tenta eliminar a verdade, ao aceitar tudo como verdade. É o reconhecimento passivo da diversidade, como tentativa de boa convivência social. Segundo o pluralismo, Jesus não seria “a” verdade, mas apenas “uma” verdade.
A influência do pluralismo na religião é uma conseqüência do chamado “pluralismo político”, que caracteriza a democracia moderna. Com a democratização das sociedades, que considera todos os sujeitos religiosos como legítimos, não é mais politicamente correto duvidar das crenças e valores de ninguém. Aliás, tornou-se até perigoso.
Por exemplo, pregações contra homossexualismo, prostituição e aborto são proibidas por lei em alguns países, nos quais estas práticas já foram legalizadas. Qualquer pessoa que se sinta ofendida com a verdade da palavra de Deus pode processar o pregador, pois ele questionou a “sua” verdade particular.
Em suma, pluralismo significa isto: jamais opor-se perante o pensamento contrário. Assim sendo, você pode até declarar a sua verdade, desde que não se oponha à minha verdade.
Perceba como o pluralismo está presente no ensino, na música, nas entrevistas, nos filmes, nas novelas, nos programas de auditório, nas propagandas, nos shows, e até nos diálogos mais informais.
Antigamente, se um cristão perguntasse a crença de outra pessoa e esta lhe dissesse “sou budista”, o crente tentaria lhe converter a Jesus Cristo. Mas hoje, intimidado pelo pluralismo da sociedade pós-moderna, o crente apenas comentaria: “Que bom! O importante é crer em Deus.” E pode ser que talvez, após ganhar a simpatia do budista, o crente se encoraje a lhe convidar para conhecer a sua igreja.
Se você não vê mal algum nesse tipo de evangelismo, certamente o conceito pluralista já lhe cegou para a urgente verdade da palavra de Deus. A terrível condenação que aguarda o homem que morre sem Cristo talvez não lhe diga mais nada. Provavelmente o seu raciocínio seja este: “Um Deus de amor não poderia excluir da salvação os não-cristãos pelo simples fato de não serem cristãos.” Pois esta frase é uma das máximas do pensamento pluralista. E muitos crentes perderam o ardor evangelístico e missionário porque foram envenenados por esta mentira.
Nosso segundo grande desafio é voltar a proclamar que Jesus Cristo é a revelação plena da verdade absoluta. Foi ele mesmo quem declarou: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.” (Marcos 13:31)
Humanismo
A terceira característica desta sociedade pós-moderna é o humanismo: a crença que coloca o ser humano no topo de qualquer escala de valores, no centro de todas as coisas, e como finalidade para todas as causas. Segundo o humanismo, Cristo não seria mais o centro da vida, mas o próprio homem.
O humanismo não é uma novidade na história. Suas raízes remontam ao século 15, por ocasião do início do movimento renascentista na Europa. Mas a ideologia humanista, que exalta o homem e sua individualidade, está mais forte do que nunca.
Pode até parecer incrível, mas este humanismo anticristão é o conceito que mais tem influenciado a igreja, deturpado o evangelho e enganado os crentes.
A começar pelo evangelismo. Ao invés de uma exposição da verdade bíblica acerca da terrível condição e destino do homem sem Cristo, os evangelizadores pós-modernos preferem declarar: “Você é tão importante para Deus, que Cristo deu a sua vida por você!” Quando a verdade é o oposto disso: “Somos tão miseráveis pecadores, que Deus precisou enviar seu próprio filho para nos salvar, tão somente por sua graça, sem nada merecermos.”
Já não se fala mais em pecado, renúncia, regeneração, volta de Cristo, juízo final, céu, inferno – tudo isso foi riscado dos atuais métodos de evangelismo. Os pregadores evitam esses assuntos. O apelo pós-moderno não é mais por arrependimento de pecados, mas por aceitar a Jesus, como se ele precisasse de nós, e não o contrário.
Nossos cultos mais parecem um balcão de ofertas do que um serviço de adoração a Deus. O que você precisa? Se for de cura, venha na segunda-feira; causas impossíveis, na terça; vitória, na quarta; prosperidade, na quinta; libertação, na sexta; um novo amor, no sábado; restauração da família, no domingo. Você percebe? O culto não é mais para Deus, mas para o homem!
Nossas pregações já não enfatizam o senhorio soberano de Cristo, mas o apresentam como uma espécie de papai-noel, que tem por obrigação realizar nossos desejos. As mensagens atuais enfatizam mais o que Deus pode fazer por você, do que como Ele deseja que andemos. Há pregadores que ameaçam até rasgar suas bíblias se Deus não atender suas petições.
Os crentes pós-modernos não criam raízes em igreja alguma. Quando seus desejos demoram a se realizar, ou se o culto não está mais lhe satisfazendo, simplesmente trocam de igreja, em busca do próprio prazer. Atentos a este “mercado”, as igrejas pós-modernas disputam a “clientela”, prometendo bênçãos, facilidades e, muitas vezes, títulos e cargos, a fim de seduzir os egocêntricos.
As igrejas deste século mais se parecem com casas de show do que com aquilo que deveriam ser: casas de oração. O altar, por exemplo, se transformou em palco, no qual os crentes disputam aparecer, seja cantando ou dançando. O pastor pós-moderno mais parece um animador de auditório do que um líder espiritual. O tempo que deveria ser gasto fora das quatro paredes, com evangelismo e obras de caridade, agora é usado entre as quatro paredes, em prolongados ensaios para o próximo evento. E mal termina um evento, já precisamos nos preparar para o próximo! Afinal de contas, neste tempo de pós-modernidade, igreja boa é igreja que oferece bastante entretenimento, a fim de atrair uma sociedade fútil e descompromissada. Na pós-modernidade, o importante é encher a igreja, ainda que seja com bodes e não ovelhas.
Você já deve estar se perguntando como é que deixamos isto acontecer. A resposta é: “Não deixamos acontecer, já nascemos assim.” O ser humano já nasce egoísta e querendo ser o centro das atenções. O problema é que há milhares e milhares de crentes que não sepultaram o velho homem, com seus desejos egocêntricos. Continuam sendo egoístas e querendo aparecer. São crentes que precisam de conversão, a começar por muitos pastores. São pessoas que nunca nasceram de novo, apesar de terem largado vícios e viverem uma vida moral – padrão alcançado na prática de qualquer religião. Estão enganando e sendo enganados.
Se alguém acredita ser cristão sem ter morrido para si mesmo, a fim de viver para glória de Deus, simplesmente tal pessoa nunca se converteu realmente.
E este é o terceiro e maior desafio da evangelização na pós-modernidade: converter os próprios crentes ao senhorio de Cristo. Precisamos voltar a vivenciar e a pregar a razão da nossa própria existência, que é vivermos para a glória de Deus (Ef 1:12). Jesus Cristo não é algo que acrescentamos à nossa vida, ele é nada menos que toda a nossa vida (Cl 3:4).
A nossa vida é Cristo! (Gl 2:20) Somente o resgate desta verdade trará de volta uma igreja que exalte ao Senhor, uma pregação centrada em Cristo, um evangelho da salvação e um povo santo, adquirido para Deus, resgatado das trevas para sua maravilhosa luz.
Concluo minha análise com uma palavra de esperança. Nem tudo está perdido. Deus tem despertado seus servos em todas as partes da terra, nos convidando a um simples retorno a Jesus Cristo e ao seu evangelho. Portanto, não se intimide, nem se isole. Deus não lhe despertou por acaso. Não saia de sua igreja, mas proponha um santo jejum. Divulgue artigos como este, leve-os humildemente ao conhecimento dos pastores e proponha uma assembléia na igreja para se refletir sobre este assunto. Chega de somente criticar, precisamos agir, declarando corajosamente a todos quem é Jesus Cristo: o único Caminho, a plena Verdade e a perfeita Vida.
“Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11:36)
Por Alan Crapiles
Via Genizah
*Imagem "Symbols of the Three Monotheistic Religions" do fotógrafo Sébastien Désarmaux via Corbis
Marcadores: evangelismo, li e recomendo, pós-modernidade